top of page

Precisamos falar (e acolher) as dores femininas

  • dralucianabuin
  • 9 de mar. de 2023
  • 2 min de leitura

Nós mulheres, somos ensinadas desde muito cedo, que algumas dores estarão presentes em nossas vidas e que devemos suportá-las com resiliência e (até) gratidão.

A dismenorreia (dor associada ao período menstrual) pode nos acompanhar todos os meses por grande parte da vida. A alegria de gerar uma vida é assombrada pelas dores do parto. E estar nos padrões de beleza impostos pela sociedade pode nos render puxões, cera quente, agulhadas e muitos outros estímulos dolorosos.

Uma mulher nasce, portanto, tolerante a dor?

Fisiologicamente, estudos apontam que mulheres (fêmeas) tem maior sensibilidade a estímulos dolorosos, porém a tolerância a dor envolve fatores comportamentais e culturais.

Nascemos sabendo das prováveis dores que “deveremos” sentir, como algo natural, regrado e imposto ao fato de sermos mulheres. As dores do parto estão, inclusive, relatadas na Bíblia. Somos educadas a relatar experiências de dor (ao contrário de homens que são orientados a suportá-las como prova de masculinidade). No entanto, quando assim fazemos, muitas vezes, somos julgadas, sub tratadas e até desacreditadas.

Dados epidemiológicos indicam predomínio de diagnósticos relacionados a dor crônica em mulheres. Entre as dores mais severas estão disfunção temporomandibular, enxaqueca, dor de cabeça tensional, fibromialgia e síndrome do intestino irritável. Além disso, muitas mulheres que sofrem situações de abuso evoluem com quadros de dor crônica, somando ao descrédito dado aos sintomas o medo do julgamento pela história prévia a dor.

Precisamos falar sobre as dores que nós mulheres sofremos com respeito, competência clínica e muita humanização, acolhimento e empatia.





Deixo aqui a referência do artigo “DOR NA MULHER: O XX DA QUESTÃO”, produzido por mulheres do comitê de Educação em Dor da SBED, após reflexões lindas sobre o tema.

Revista dos Comitês - Sociedade Brasileira de Estudo de Dor, Vol. 06 N° 02 Abr/Mai/Jun 2022; DOI 10.5935/2675-7133.20220025, pg 21.


E quero dizer a todas as mulheres que sofrem dor, que meu abraço, meus ouvidos e minhas competências profissionais estão disponíveis, caso necessite.

Toda mulher merece uma vida sem dor! Uma vida com mais respeito e amor, para realizar com satisfação todos os papéis ocupacionais que desejar!

Comments


bottom of page