Atuação do TO na dor
- dralucianabuin
- 6 de out. de 2024
- 3 min de leitura

A terapia ocupacional (TO) tem um papel fundamental no manejo da dor, especialmente quando falamos de dor crônica, uma condição que afeta milhões de pessoas e pode impactar drasticamente a qualidade de vida. O foco do terapeuta ocupacional junto a pessoas com dor não se limita ao alívio da dor, mas na promoção da participação ocupacional e melhora da qualidade de vida, APESAR da dor.
A dor crônica frequentemente resulta em limitação das atividades cotidianas, impactando a mobilidade, o desempenho no trabalho, as relações sociais e até mesmo o estado emocional. É comum que as pessoas com dor desenvolvam cinesiofobia (medo de se movimentar), o que leva a redução de atividades e perda funcional. O terapia ocupacional tem a capacidade de interromper esse ciclo, promovendo uma abordagem centrada na pessoa e suas ocupações.
Avaliação da dor
Segundo a Associação Americana de Terapia Ocupacional (AOTA, 2021), o terapeuta ocupacional deve avaliar, primeiramente, presença, intensidade e local da dor. Acrescento, avaliar mecanismo neurofisiológico predominante e perspectivas sobre a dor.
Além disso, deve ser realizada avaliação detalhada do impacto da dor no dia a dia do paciente. Isso inclui identificar quais atividades se tornaram difíceis ou impossíveis de realizar e como a dor está interferindo nos papéis ocupacionais do indivíduo, como trabalhar, cuidar da casa, praticar hobbies ou até mesmo socializar.
Técnicas de manejo da dor
O terapeuta ocupacional utiliza várias estratégias para ajudar no controle da dor. Algumas delas incluem:
Educação em Dor: educar o paciente quanto a neurociência da dor melhora seu manejo sobre ela. Quando a pessoa compreende que dor não significa lesão e que podem haver gatilhos psicossociais que elevam a intensidade da dor ou pioram a perspectiva sobre ela a gestão do tratamento torna-se mais eficiente.
Estratégias de Pacing, Conservação de Energia e adaptação de tarefas: ao ajustar o modo como o paciente realiza certas atividades, é possível reduzir a carga sobre áreas doloridas do corpo e evitar exacerbações. Isso pode incluir o uso de técnicas de Pacing econservação de energia, como reorganizar o ambiente para reduzir o esforço físico ou priorizar tarefas durante o dia.
Intervenções sensório-motoras: técnicas de relaxamento, alongamentos, exercícios de fortalecimento e atividades sensoriais podem ser utilizadas para modular a percepção da dor e melhorar a mobilidade. Exercícios terapêuticos e atividade física apresentam excelentes resultados na redução da dor, especialmente a longo prazo.
Abordagem de fatores psicossociais: trabalhar com os aspectos emocionais, sociaqis e espeirituais da dor é crucial. Muitas vezes, pacientes com dor crônica sofrem de ansiedade, depressão e outros problemas emocionais e sociais que intensificam a sensação dolorosa. A terapia ocupacional ajuda a desenvolver estratégias para lidar com esses fatores, promovendo uma abordagem positiva frente à dor (auto eficácia) e incentivando a retomada gradual de atividades significativas.
Engajamento ocupacional e atividades significativas: estudos demonstram que abordagens de engajamento ocupacional melhoram a adesão a atividade física e sono a longo prazo (Nielsen et al., 2022). Promover atividades significativas auxiliam na melhora da perspectiva da dor.
Dor aguda e flare up: para crises de dor (flare up) ou atendimentos a pessoas com dor aguda, o terapeuta ocupacional pode utilizar estratégias e técnicas de analgesia como recursos terapêuticos de eletrotermoterapia e técnicas de terapia manual (desde que habilitado para tal).
A terapia ocupacional é essencial no tratamento da dor porque não trata apenas os sintomas físicos, considera o impacto emocional, social e ocupacional da dor crônica. Os modelos de prática da TO vão de encontro ao modelo biopsicossocial de atendimento a pessoas com dor (próximo post).
Ao oferecer uma abordagem holística, o terapeuta ocupacional capacita o paciente a retomar atividades significativas, promovendo autonomia e uma melhor qualidade de vida, APESAR da dor.
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