Terapia Ocupacional e Dor Crônica: Inovações que Transformam o Cuidado
- dralucianabuin
- 19 de set.
- 3 min de leitura

A dor crônica é uma das condições de saúde mais desafiadoras do nosso tempo, afetando dimensões físicas, emocionais, sociais e ocupacionais da vida. Ela impacta a rotina, os papéis e a autonomia, exigindo abordagens integradas e centradas na pessoa. Nós, terapeutas ocupacionais, temos um papel fundamental nesse cenário, pois nosso olhar está voltado para o fazer humano e para as estratégias que devolvem sentido e participação à vida cotidiana.
O desafio de viver com dor crônica
Conviver com dor crônica não significa apenas lidar com sintomas físicos. O paciente frequentemente enfrenta limitações nas atividades básicas, dificuldades no trabalho, no lazer e até nas relações sociais. O sofrimento é multidimensional, e essa complexidade exige que o cuidado vá além do modelo biomédico tradicional, centrado apenas na doença.
É aqui que a Terapia Ocupacional (TO) se destaca: ao compreender a dor como uma experiência vivida, influenciada por fatores biológicos, psicológicos e sociais, a prática terapêutica torna-se direcionada ao que realmente importa para a vida daquela pessoa.
Inovações em saúde aplicadas à terapia ocupacional
Nos últimos anos, temos visto um avanço expressivo em tecnologias e estratégias para o manejo da dor. Algumas inovações que vêm sendo incorporadas à prática clínica incluem:
Realidade Virtual (RV): utilizada como ferramenta para mudança de foco, alívio da dor aguda e reabilitação motora, promovendo engajamento em atividades significativas (Mallari et al., 2019).
Neuromodulação não invasiva: técnicas como a estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS) e a estimulação magnética transcraniana (rTMS) têm mostrado efeitos positivos na modulação da dor e na potencialização de intervenções terapêuticas (O’Connell et al., 2018).
Teleatendimento: após a pandemia, o uso da telessaúde ganhou força como meio de ampliar o acesso ao cuidado, permitindo continuidade de tratamento e educação em dor (Eccleston et al., 2020).
Abordagens centradas na ocupação: modelos como o MOHO (Modelo de Ocupação Humana) e o PEOP (Pessoa-Ambiente-Ocupação-Performance) orientam intervenções que conectam inovação tecnológica ao cotidiano da pessoa com dor (Taylor, 2017).
A experiência clínica: unir inovação e significado
Na prática clínica, percebo que a tecnologia sozinha não transforma a vida do paciente. É quando a unimos a um plano terapêutico centrado na ocupação, no engajamento e no resgate de papéis ocupacionais que conseguimos resultados mais consistentes. A inovação deve estar a serviço da pessoa, ampliando possibilidades e reduzindo barreiras, sem perder de vista o que dá sentido à sua vida.
O futuro da terapia ocupacional no manejo da dor
O caminho aponta para a integração: inovação tecnológica, ciência baseada em evidências e escuta ativa do paciente. Essa tríade fortalece a atuação da Terapia Ocupacional e garante que continuemos a oferecer um cuidado transformador, voltado para a autonomia, a funcionalidade e a qualidade de vida.
Referências
Eccleston, C., Blyth, F. M., Dear, B. F., Fisher, E. A., Keefe, F. J., Lynch, M. E., Palermo, T. M., Reid, M. C., & Williams, A. C. de C. (2020). Managing patients with chronic pain during the COVID-19 outbreak: Considerations for the rapid introduction of remotely supported (e-health) pain management services. Pain, 161(5), 889–893. https://doi.org/10.1097/j.pain.0000000000001885
Mallari, B., Spaeth, E. K., Goh, H., & Boyd, B. S. (2019). Virtual reality as an analgesic for acute and chronic pain in adults: A systematic review and meta-analysis. Journal of Pain Research, 12, 2053–2085. https://doi.org/10.2147/JPR.S200498
O’Connell, N. E., Marston, L., Spencer, S., DeSouza, L. H., & Wand, B. M. (2018). Non-invasive brain stimulation techniques for chronic pain. Cochrane Database of Systematic Reviews, (4), CD008208. https://doi.org/10.1002/14651858.CD008208.pub4
Taylor, R. R. (2017). Kielhofner's Model of Human Occupation: Theory and Application (5th ed.). Wolters Kluwer.
Comentários